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A senhora é a mãe do Zézinho?
Por vezes, quando a nossa mãe precisa fazer algo, mesmo que este algo seja crucial para ela como, por exemplo: almoçar, fica difícil entender. Em especial quando a mãe necessita se ausentar e nós temos apenas dois anos. O mundo a nossa volta se mostra gigantesco e hostil e as pessoas, todas estranhas.
Foi exatamente neste cenário que os nossos palhaços encontraram Zézinho (*), se bem que o nome dele não era exatamente este, era nome bem mais comum. Mas, como dissemos em outros posts, isto não tem tanta importância.
Enfim, o nosso pequeno Zézinho simplesmente deixou três outras mães e duas enfermeiras em completo desespero. Um choro de criança de acordar o bairro! As outras crianças, também pequenas, caladas! Não por que queriam, mas por falta de opção, já que Zézinho gritava em plenos pulmões e não deixava espaço pra ninguém!
“Uia! Que aconteceu rapaz?” perguntou a Jabuticaba.
“A mãe foi almoçar!” generosamente a enfermeira, com ar mais assustado que o nosso Zézinho deixou os palhaços a par dos acontecimentos.
“Mas isto é motivo de tanto sofrimento? Ou será porque não gosta da comida do hospital?”
“Deixa de ser tonto Sakê! A comida daqui é excelente, acho que ele queria é mesmo estar a comer no restaurante com a mãe!” replicou Lorenzo.
Zezinho aos gritos foi logo ficando curioso sobre o que afinal aqueles palhaços conversaram.
“Ouvi falar que servem coisas estranhas neste hospital!” insistia Sakê.
Finalmente Zézinho se calou para ouvir a conversa. Mas, o silêncio durou exatamente o tempo de entender o que os dois distintos palhaços estavam a conversar. Pronto! Nova choradeira. Ainda mais forte!
“Espera, espera! Quer que eu vá perguntar para a tua mãe o que tem no almoço hoje?” se predispôs Lorenzo.
Calou-se, mas ainda ressabiado! O rosto encharcado em lágrimas fez um simples aceno: sim! Por fim, o silêncio.
Porém, bastava Lorenzo se afastar dois passos porta afora que o berreiro recomeçava.
“Ei! Como consigo ir Zézinho? Eu estava quase no meio do caminho e você chorou, tive de voltar prá saber o que aconteceu!”
Zézinho se calou mais uma vez. Outro ensaio, outro choro, outro retorno, outra vez o silêncio.
Foram três novas tentativas até que o nosso pequeno paciente resolveu dar um gesto de confiança ao Lorenzo. Permitiu desta vez que ele fosse mais longe à procura da mãe. Diga-se que foi, mas com suspeita de fracasso pelas outras mães, afinal “mãe do Zézinho” tem tantas, nome comum este.
Todavia, desta vez o nosso palhaço se afastou mais e mais e o silêncio permaneceu. Zézinho se acalmou, afinal Lorenzo parece ser de confiança. Mães e enfermeiras voltaram à vida normal e pouco tempo depois, soubemos que a mãe, a verdadeira mãe do Zézinho, foi encontrada!
“A senhora é a Mãe do Zézinho?! É muito importante!” perguntava os nossos palhaços pelo resto da visita.
Visita realizada em 28/Fevereiro/2015 pelo barulhento Lorenzo, o desconfiado Sakê e a esfomeada Jabuticaba!
(*) Se ainda não sabe que se trata, veja os outros posts que a gente explica! :O)
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Estudou a arte do palhaço com Val de Carvalho (Doutores da Alegria), Cristiane Paoli Quito (École Philippe Gaulier), César Gouveia (Jogando no Quintal), Fernando Sampaio (La Mínima), Caroline Dream, Marcos Casuo, Alex Navarro (Cirque du Soleil) e integrou a equipa da primeira jornada de palhaços cuidadores do Brasil com o Dr. Patch Adams.
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